Novas placas do Mercosul terão chips para registrar por onde veículo passou

As novas placas no padrão do Mercosul, que o Brasil promete adotar a partir de 1º de setembro, têm espaço para receber um chip. Com ele, será possível saber mais facilmente em quais ruas cada carro, moto ou outro veículo esteve.

Esse chip será lido por sensores de radiofrequência, como os utilizados por sistemas de pagamento de pedágio. Não se trata de um rastreador GPS: os registros só ocorrem quando o automóvel se aproxima dos sensores.

Sua adoção cria formas para que o governo e as empresas detectem quais veículos passaram por determinado ponto, mesmo que a placa esteja oculta. E, ao somar os dados de sensores em vários locais, obter um histórico de viagens de cada um.

Trata-se da retomada da ideia de instalar chips nos para-brisas dos carros, anunciada há alguns anos e adiada várias vezes.

Adquirir o chip junto com a nova placa será uma decisão de cada proprietário, segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). O órgão trabalha em uma resolução sobre o tema para definir quais dispositivos serão aceitos, e pretende incluir tecnologias “de baixo custo”.

À medida que empresas aderirem ao novo modelo, carros com o novo chip poderão pagar estacionamentos e pedágios sem a necessidade de instalar outro dispositivo.

Os dados serão guardados pelo Siniav (Sistema Nacional de Identificação de Veículos), projeto do governo federal que terá uma nova regulamentação publicada “em breve”, de acordo com o Denatran.

“A intenção do governo é conciliar a atual infraestrutura das empresas privadas em prol da segurança pública nas cidades e vias brasileiras, disponibilizando sem custo para isso a identificação dos veículos para as empresas conveniadas, para que elas possam exclusivamente (e não para outras aplicações) prestar seus serviços”, diz o departamento, em nota.

Radares em avenida da zona sul de São Paulo (Ronny Santos – 23.jun.16/Folhapress)

MULTAS POR VELOCIDADE

Com o chip na placa, abre-se caminho para aplicar mais multas por velocidade média: se o carro percorreu dois quilômetros em um minuto, rodou em média a 120 km/h. Isso inibe a prática de frear na frente do equipamento e acelerar acima do limite nos demais trechos.

A lista de usos inclui também identificar automóveis roubados ou que estejam devendo impostos.

A novidade também poderá ajudar as prefeituras a organizar o trânsito, pois será possível contar com precisão quantos carros passam em uma rua em cada hora do dia, por exemplo. Este dados permitirão ajustes mais precisos, como inverter mãos de direção ou regular semáforos de acordo com a demanda, minuto a minuto.

Registrar as rotas feitas por cada veículo será comum quando os carros autônomos chegarem às ruas, pois eles trocarão dados com a internet para informar sua posição e receber dados sobre engarrafamentos ou acidentes à frente. A comunicação será via internet, com as redes 5G, previstas para chegar ao Brasil só na próxima década.

Hoje, já é possível fazer a leitura automática de placas.  Shoppings, por exemplo, criam listas com os horários em que cada carro entrou e saiu. No entanto, a identificação visual tem algumas limitações, como quando dois veículos trafegam muito próximos ou se os motoristas adulteram algum número na placa. Trocar um zero por um oito na memória do chip será bem mais difícil.

Sugestões? Dúvidas? Escreva para avenidasb@gmail.com.

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