Contêineres de lixo urbano custam até R$ 30 mil no Brasil; quem paga?

Depois do texto sobre o uso de contêineres de lixo no exterior, leitores escreveram ao blog para comentar experiências similares no Brasil, que mostram outros desafios à adesão ao sistema no país.
A principal delas é: quem paga a conta?
Em Brasília, os contêineres são comprados pelos condomínios. Cada um custa entre R$ 2.000 e R$ 4.000 e pode durar até dez anos. “Mas quebra em um ano se não cuidar direito”, alerta Paulo Celso dos Reis, diretor técnico do SLU (Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal).
Há 12 mil contêineres na capital federal, nas contas do SLU, que recebem 40% do lixo gerado na cidade. A prática começou nos anos 1980, para agilizar a coleta nos condomínios.
“Se há contêineres, com uma parada só, o caminhão recolhe o lixo de 80 famílias. Ao parar menos, ele agiliza a coleta e gasta menos combustível”, explica Reis.
Nas periferias do DF, o SLU testa contêineres enterrados no subsolo, para atender áreas em que o caminhão não consegue chegar. Cada um custa R$ 30 mil, pagos pelo governo local.
Segundo Reis, a demanda é tão grande que estes pontos são visitados pelo caminhão da coleta até três vezes por dia. Para evitar que as pessoas jogassem lixo em volta do contêiner, ele foi instalado em um jardim. “Recebemos abaixo-assinados pedindo a instalação em outros bairros”, diz o diretor.
Em Lucas do Rio Verde, cidade de 61 mil habitantes no Mato Grosso, a prefeitura pagou a conta e instalou contêineres de plástico por toda a cidade, ao custo de R$ 6,7 milhões.
Desde 2016, 100% do lixo da cidade é coletado por contêineres. Foram dois anos para fazer a implantação, e o processo continua. “Conforme vão surgindo novos bairros, novos contêineres são adquiridos”, aponta Raimundo Dantas, diretor do órgão municipal responsável pelo lixo.
Em Rio Verde, há dois tipos de recipientes: um para o lixo orgânico e outro para recicláveis. Os itens que podem ser reaproveitados são destinados a uma associação de coletores, que revende o material para gerar renda.
Seja diretamente, como em Brasília, ou via impostos, como na cidade do Mato Grosso, a conta sempre fica com os moradores. Deixar a escolha para cada condomínio ou residência torna a adesão lenta. Porém, antes de usar recursos públicos, cada cidade precisa avaliar se há outras questões mais urgentes a serem resolvidas.
