Grandes lojas poderiam dar lugar a 300 mil moradias em Londres, diz estudo
Com o aumento do comércio online, lojas de varejo de grande porte vão aos poucos se tornando menos necessárias. Quando encerram as atividades, como no caso da americana Toys R Us, elas deixam espaços livres que, em vez de dar lugar a outros comércios, poderiam abrigar também moradias.
Em Londres, há 1.220 terrenos que abrigam hipermercados, lojas de móveis e materiais de construção, entre outros negócios que ocupam grandes áreas. Somados, poderiam receber entre 250 mil e 300 mil novas habitações, de acordo com um estudo, do grupo de especialistas Policy Exchange, publicado em maio.
A capital britânica enfrenta um déficit de moradias, o que faz com que o preço dos alugueis suba. Londres precisa de cerca de 66 mil novas residências por ano para dar conta do aumento do número de habitantes. A cidade registrou 8,1 milhões de pessoas no último censo, em 2011, e deve chegar a 10,5 milhões até 2041.
Para dar conta deste aumento, as opções são ampliar os limites urbanos ou adensar o que já existe: colocar mais gente para viver em uma mesma área.
Aumentar a quantidade de pessoas em um bairro atrai melhores lojas e serviços. Isso eleva os impostos recolhidos, o que pode ser usado para melhorar as estruturas públicas locais, defende o estudo.
Construir habitações não significa tirar o comércio: pode-se manter estabelecimentos no térreo e residências nos andares superiores.
Dar novo uso a terrenos ociosos demanda um trabalho conjunto de vários setores, e aí surgem entraves. Investidores de áreas comerciais podem não ter muita familiaridade com o ramo da habitação. E o governo precisa reforçar os serviços públicos, especialmente de transporte, para que tudo funcione bem.
O adensamento também precisa ser moderado. “O ideal é que sempre haja pessoas circulando pelas ruas, mas não num nível que seja preciso disputar espaço na calçada”, resumem os pesquisadores.
O uso misto, com comércios e residências numa mesma via, ajuda a reduzir o uso do carro, a aumentar as interações sociais e a reduzir o crime. Com mais gente na rua, há mais olhos vendo o que está acontecendo, algo capaz de inibir a violência.
Em São Paulo, antigos terrenos industriais em bairros como Leopoldina e Barra Funda receberam condomínios nos últimos anos. A cidade tem dezenas de grandes estabelecimentos em vias importantes como as marginais e a radial Leste, que poderão ser desocupados no futuro conforme lojas e hipermercados encolhem suas operações físicas.
O Plano Diretor municipal prevê estímulos ao adensamento e ao uso misto, mas fincar essas ideias no solo paulistano é um trabalho complexo: crescer rumo às bordas e erguer torres de apartamentos cercadas por grades são os modelos mais frequentes na cidade há décadas.