App lança ônibus que só vai até pontos onde há passageiros
Um serviço de transporte coletivo circula por Londres e para em alguns lugares da cidade para as pessoas subirem e descerem. Mas não há sinais na calçada de onde estes pontos ficam. Para reservar uma viagem, pagar por ela e saber onde embarcar, é preciso consultar um aplicativo.
A novidade se chama Smart Ride (viagem inteligente) e foi criado pelo Citymapper, app que começou com a função de indicar rotas de ônibus e de metrô e, agora, investe na criação de uma frota própria.
A ideia lembra a do Uber Pool: juntar desconhecidos que querem fazer um trajeto similar e levá-los em um mesmo veículo. Assim, cada pessoa paga menos do que se fosse sozinha.
O novo modelo vai além: há rotas maleáveis dentro de uma mesma área. E em vez de cada um descer onde quer, são designados pontos comuns de parada, para agilizar o trajeto, como mostra a animação abaixo.
“Ao contrário dos ônibus tradicionais, que estão presos a uma rota, nossos veículos estão ligados a uma rede e podem se mover por múltiplas combinações”, explicou a empresa em um post no Medium.
Estes veículos só rodam conforme há demanda. Assim, não precisam circular vazios ou passar por pontos desertos apenas para cumprir a tabela. O traçado da rede pode se adaptar automaticamente de acordo com dias, horários e trânsito, mudando as rotas e locais de embarque.
Para o passageiro, a viagem custa mais do que ir de ônibus, mas menos do que se chamasse um carro por aplicativo. A empresa economiza ao otimizar o uso da frota e por não precisar manter estruturas físicas nas ruas.
Ao analisar o que os usuários buscam, o Citymapper encontrou lacunas: há trechos e horários não atendidos pelas redes existentes. A startup viu aí uma oportunidade e passou a desenvolver seu próprio serviço de transporte.
O primeiro teste foi a criação de uma linha noturna em Londres, em 2017, que segue em operação. Depois de alguns meses, veio o Smart Ride, lançado em fevereiro.
Houve dificuldade para enquadrar a ideia na regulação londrina. Para oferecer um serviço público de ônibus, o governo local exige rotas fixas, horários programados e frequência contínua.
A saída foi usar vans com oito lugares, o que se encaixa na categoria de transporte privado. Com mais de nove passageiros, é preciso seguir as regras dos ônibus.
“As regulações no Reino Unido usam a estrutura criada para carruagens no século 19. Estamos trabalhando com regras para cavalos!”, questionou a empresa, que reclamou também da demora na tramitação do pedido.
Os veículos são de propriedade de motoristas afiliados ao aplicativo, num modelo similar ao do Uber. A licença permitirá ter uma frota de até 500 vans. Por hora, o serviço opera apenas em Londres.
“Nós ainda estamos aprendendo com cada viagem, então o melhor é estar perto do nosso time de desenvolvedores”, contou ao blog Damian Bown, diretor de desenvolvimento do Citymapper. “Sem dúvida vamos buscar oportunidades de levar o Smart Ride para outras cidades no futuro.”
Assim como ocorreu com os táxis, as viações terão seu monopólio ameaçado no futuro próximo. As prefeituras precisam rever as leis para permitir inovações e, ao mesmo tempo, garantir um serviço seguro e abrangente. O regulamento dos ônibus é rígido, mas força as empresas a atender bairros e horários menos lucrativos, garantindo o acesso ao transporte.
Um sistema no qual seja possível saber exatamente onde cada passageiro está e para onde quer ir gera enormes possibilidades de economia de tempo e de dinheiro, além de redução do total de veículos nas ruas. No entanto, para que este modelo funcione plenamente, será preciso que todos tenham acesso a smartphones, à internet móvel de qualidade e familiaridade com a tecnologia.