Patinete elétrica lembra sensação de ganhar brinquedo novo; leia teste

Andar em uma patinete elétrica pela primeira vez é um pouco como testar um brinquedo novo. Há um suspense sobre o que pode acontecer ao apertar o botão da partida e alguma dificuldade inicial para se equilibrar e achar a melhor posição.

Encontrar uma delas para emprestar nas ruas de Madri, na Espanha, é relativamente fácil. Há vários modelos da empresa Lime parados nas esquinas. Para usar, é preciso baixar um aplicativo, fazer um cadastro rápido e escanear um QR code.

Logo após a liberação, surge a dúvida: por onde seguir com o veículo? Perto da guia, ao lado dos carros, ou na calçada, entre os pedestres? A segunda opção parece mais sensata, mas aí surge outro obstáculo: o chão.

Guidão tem velocímetro e acelerador que lembra video-game (Rafael Balago/Folhapress)

As pequenas rodas transmitem ao usuário todas as trepidações do piso. Ir por uma calçada de pedras portuguesas, como é comum no centro de São Paulo, gera uma tremedeira forte e desconfortável. Circular por trechos de terra batida ou em ruas com paralelepípedos traz o mesmo problema.

A patinete só consegue mostrar todo seu potencial numa ciclovia. Ali, o piso (geralmente) liso permite atingir 20 km/h em poucos segundos. Para acelerar, basta apertar um botão com o polegar, o que lembra muito um controle de vídeo-game. O freio é pouco usado: ao soltar o botão, a velocidade diminui rapidamente.

O veículo sobe com facilidade ruas inclinadas e tem um bom controle nas descidas. A autonomia da bateria é grande: fica em torno de 30 km. Mas aí, cabe analisar a capacidade do bolso. Uma viagem de 15 minutos em Madri com um modelo da  Lime custa 3,25 € (cerca de R$ 14).

O empréstimo de patinetes elétricas para percorrer curtas distâncias nas cidades é um negócio que ganhou força neste ano e se espalha por cidades dos Estados Unidos e da Europa. Só a Lime recebeu US$ 335 milhões em investimentos em julho, parte deles vindos de Uber e Alphabet. Outra startup do setor, a Bird, já captou US$ 400 milhões.

No entanto, falta ainda combinar com as prefeituras, para que haja mais espaço e pisos de qualidade onde os patinetes possam ser usados. Desviar de pedestres e carros é tarefa desanimadora em ruas muito cheias. Sem uma estrutura viária adequada, esses veículos podem acabar indo circular só nos parques, onde podem ser usados livremente como se fossem apenas um brinquedo.

Patinetes na entrada do parque Retiro, em Madri (Rafael Balago/Folhapress)