Testes para criar táxi sem motorista avançam na China e nos EUA

Em um evento na semana passada, o Baidu, uma das maiores empresas de tecnologia da China, anunciou que pretende iniciar testes com táxis sem motoristas no país a partir de 2019, na cidade de Changsha. É mais um avanço na disputa para criar sistemas de transporte com veículos autônomos, que poderão ser chamados por aplicativo e pagos por viagem.

O Baidu fez uma parceria com a Volvo e desenvolve um sistema de navegação para guiar os carros autônomos. Chamado de Apollo, o programa tem código aberto e será capaz de trocar informações com outros aparelhos e objetos nas ruas, como semáforos inteligentes.

Também na semana passada, a Waymo, empresa ligada ao Google, obteve autorização para testar veículos autônomos na Califórnia sem que nenhum funcionário esteja a bordo. A companhia planeja lançar um táxi autônomo ainda neste ano.

Testes com veículos sem motorista são realizados há muitos meses em vários países. Em março, um veículo autônomo da Uber atropelou e matou uma pessoa. Depois disso, os experimentos foram interrompidos, mas a companhia quer retomá-los em breve.

Carro com sistema Apollo, da Baidu, em evento na China (Fred Dufour/AFP)

Em agosto, um táxi autônomo rodou por duas semanas em Tóquio, no Japão, em uma rota fixa de cinco quilômetros. Um motorista ficava a postos para assumir o volante em caso de necessidade. A expectativa é que o serviço possa ser lançado comercialmente antes das Olimpíadas de 2020, embora provavelmente ainda em pequena escala.

Na Rússia, o serviço foi colocado em teste também em agosto, na pequena cidade de Innopólis, onde há uma universidade. O experimento é feito pela Yandex, que domina o serviço de buscas na internet russa. Em Cingapura, táxis autônomos rodam de forma experimental desde 2016, em pequena escala.

A perspectiva de criar um novo mercado de transporte atrai empresas de mobilidade, como Uber e Lyft; de tecnologia, que fornecerão mapas e sistemas; e montadoras de automóveis. A Daimler e a General Motors trabalham para criar serviços de táxi autônomo.

Carro autônomo da Uber que atropelou pedestre nos EUA (NTSB/Reuters)

Com tantos interessados, há grandes chances do negócio se tornar realidade nos próximos anos. Se todos esses planos avançarem, haverá novas batalhas legais para regular e autorizar o funcionamento do serviço. E também haverá forte impacto sobre o emprego. Trabalhar como motorista de aplicativo virou uma saída importante em tempos de crise, mas esta função pode estar com os dias contados.

Resta, ainda, saber se será preciso investimento por parte das cidades para adaptar as ruas e estruturas urbanas para receber esses veículos, como ter semáforos capazes de analisar o volume de tráfego e trocar informações com os automóveis. “Ter carros autônomos não é o suficiente. Também precisamos de vias inteligentes”, disse o CEO do Baidu, Robin Li, em uma aparente estratégia para buscar espaço no mercado de serviços públicos.