Debate aborda como literatura interfere na imagem das cidades
As imagens de Paris como uma cidade glamourosa ou de São Paulo como um lugar inóspito são comuns em filmes, músicas e livros. Um debate nesta quarta (20) tratará de como a literatura pode interferir na imagem que as pessoas formam das cidades, e como os espaços urbanos influenciam a produção dos escritores.
O evento será realizado no Itaú Cultural, em São Paulo, como parte da série de encontros Brechas Urbanas, e tem entrada gratuita. No debate, serão abordados livros e autores latino-americanos do início do século 20 e da atualidade.
“Na literatura do século 20, o escritor podia acompanhar o tom eufórico da modernidade. No século 21, testemunhamos o fracasso da promessa da modernidade, os restos que o capitalismo deixou nos cenários urbanos”, diz Ana Cecília Olmos, professora de literatura da USP, que participa do debate ao lado do escritor Mailson Furtado Viana.
“No século 20, foram realizados muitos projetos de modernização das cidades promovidos pelo Estado. As cidades com portos são grandes cenários de mudanças na América Latina”, aponta Olmos. Sobre esse período, ela falará sobre livros de autores como Júlio Cortázar (1914-1984) e Mário de Andrade (1893-1945).
Para a professora, a globalização tem acelerado as relações econômicas e culturais nas cidades contemporâneas, e têm tornado os espaços públicos cada vez mais parecidos. Com isso, diminuem as possibilidades de moradores, turistas e personagens encontrarem aventuras e novidades ao caminhar por elas, como acontece nos livros.
“A literatura nunca é capaz de retratar uma cidade por inteiro. Apenas fragmentos dessa realidade”, explica Olmos. “Cada pessoa tem uma experiência diferente da cidade. Para um turista, há a Paris glamourosa. Mas para um imigrante subsaariano, há uma Paris muito mais hostil”.
Brechas Urbanas – Escrevendo a Cidade. Itaú Cultural. Av. Paulista, 149. São Paulo. Tel. 2168-1777. Qua. (20).: 20h. Livre. Grátis.