Cidade canadense troca serviço de ônibus por viagens de Uber
A cidade de Innisfil, no Canadá, fez uma mudança radical: em vez de pagar uma empresa para manter uma frota de ônibus rodando dia e noite, resolveu subsidiar viagens de Uber para os seus moradores.
Assim, em vez de ir até o ponto e esperar o ônibus, os passageiros abrem um aplicativo e dizem para onde querem ir. Se a viagem tiver como partida ou destino algum dos principais endereços da cidade, como a estação de trem ou a sede da prefeitura, o passageiro paga entre 4 e 6 dólares canadenses (R$ 12 a R$ 18), valor próximo ao de uma tarifa de ônibus no país. O governo subsidia o resto do custo da viagem.
Nos demais trajetos, ocorre o inverso: o município paga até 4 dólares canadenses do total da viagem, e o resto fica por conta do morador.
As viagens são feitas na modalidade compartilhada: os passageiros podem ter de dividir a viagem com pessoas desconhecidas que vão na mesma direção.
O programa também permite o uso por adolescentes, mas neste caso os pais podem acompanhar o deslocamento à distância. Para atender a pessoas sem habilidades com smartphones, especialmente idosos, foi criado um serviço para pedir carros por telefone.
Situada nos arredores de Toronto, Innisfil tem 36 mil habitantes, espalhados em áreas com poucos moradores, o que encarece manter um serviço de ônibus rodando o dia todo.
Um estudo da prefeitura apontou que manter apenas um ônibus rodando o ano todo custaria 270 mil dólares locais (R$ 810 mil). O governo então procurou outra opção, e percebeu que usar esse dinheiro para custear viagens de carro sob demanda seria mais efetivo, segundo um relatório da gestão municipal.
O modelo começou a ser adotado em meados de 2017. O subsídio médio gasto por viagem foi de 7 dólares canadenses (R$ 21). Se a rota de ônibus fosse mantida, seria necessário completar 33 dólares canadenses (R$ 99) por cada deslocamento individual.
Uma pesquisa realizada no fim de 2018 apontou que 66% dos usuários aprovavam o serviço. Essa satisfação levou ao aumento de viagens. Em 2018, foram feitos 85 mil pedidos, o que gerou um gasto maior de subsídio. No ano passado, foram gastos 640 mil dólares canadenses (R$ 1,9 milhão) do orçamento público com Uber, valor quatro vezes maior do que em 2017.
“Uma diferença chave é que, neste modelo, um aumento das viagens leva diretamente a uma elevação nos custos, sendo que no sistema de ônibus tradicional, ter mais passageiros leva à redução geral dos custos”, aponta um relatório municipal.
A saída para conter gastos foi aumentar a tarifa mínima cobrada dos usuários, além de restringir a 30 o total de viagens mensais para cada pessoa. No início, não havia limite. A prefeitura renovou o programa neste ano e pretende reavaliá-lo de novo no início de 2020.
Críticos do programa apontam que dividir as viagens coletivas em carros menores aumenta a emissão de poluentes. Em 2018, só 31% dos trajetos feitos foram compartilhados por passageiros diferentes.