Novas tecnologias prometem expandir pagamento de ônibus com cartão de crédito

Administradoras de cartões, como Visa e Mastercard, buscam há alguns anos levar o pagamento com cartão de crédito e débito para os ônibus brasileiros, mas esbarram em uma questão: seria preciso trocar os equipamentos que já estão nas catracas, o que gera custos em um setor que está com as contas apertadas.

Para contornar isso, foi desenvolvida uma espécie de adaptador, que permitirá que os validadores (o equipamento onde se encosta o bilhete) em uso atualmente aceitem também cartões bancários.

“Desenvolvemos uma espécie de ‘caixinha preta’ que contém todas as certificações de segurança necessárias”, explicou Marcelo Sarralha, diretor de produtos da Visa, durante seminário da NTU (associação das empresas de ônibus), em Brasília, na semana passada.

A chegada ao Brasil dos cartões que funcionam por aproximação, sem pedir senha, e de celulares que armazenam cartões virtuais (como Apple Pay e Samsung Pay) também podem estimular a mudança nas catracas. No entanto, essas duas tecnologias ainda são pouco usadas no país.

Facilitar o pagamento foi um dos assuntos mais debatidos no evento. A expectativa é que isso possa atrair mais passageiros que não usam o transporte público no dia a dia, como donos de automóveis e turistas.

“Imagine que quero comprar um pão de queijo. Para isso, o dono da loja me manda ir em um terminal, comprar um cartão e carregar nele o valor de dez pães de queijo, e depois voltar para a loja para aí poder comer um”, comparou um participante do evento, sobre o modelo atual para pagar ônibus ou metrô em muitas cidades.

Na feira junto ao evento, novos validadores eram o produto de mais destaque. Fabricantes exibiam equipamentos capazes de ler cartões de crédito e débito, smartphones, QR Codes e o bilhetes atuais, tudo no mesmo dispositivo.

 

Validador da Tacom, capaz de exibir anúncios (Rafael Balago/Folhapress)

Esta forma de pagamento é simples: basta encostar o cartão no validador e a tarifa é cobrada, sem precisar digitar senha. O valor é debitado da conta corrente ou na próxima fatura. 

A tecnologia já é usada em Londres desde 2014. No Brasil, está em cidades como Jundiaí (SP), Brasília e no metrô e nos trens do Rio de Janeiro. Nova York aderiu neste ano

Os cartões competem com o modelo de QR code. Nele, o usuário compra créditos pelo celular ou pela internet e recebe um código para ser escaneado pelo validador, como um ingresso de show. 

Os novos equipamentos também trazem mais funcionalidades, como a possibilidade de mostrar anúncios geolocalizados e cobrar tarifas diferentes conforme o lugar no qual o coletivo está passando. 

Essas novidades prometem reduzir custos com o manuseio e transporte de dinheiro. Por outro lado, abrem espaço para acelerar a retirada dos cobradores dos ônibus e dos atendentes de bilheteria.