Serviço de helicóptero testado em SP ajuda a planejar modelo de ‘carros voadores’

Desde 2017, São Paulo tem um serviço que permite reservar viagens de helicóptero pela plataforma Voom. O projeto é também um meio de estudar outras possibilidades para oferecer transporte urbano aéreo no futuro. 

“É a nossa primeira experiência de negócio B2C (voltado ao usuário final). Antes, sempre fizemos negócios apenas com outra empresas”, diz Darcy Olmos, diretor de Mobilidade Aérea Urbana da Airbus.

“São Paulo tem muitos heliportos, muitos helicópteros e muitos operadores, o que gera uma mistura perfeita para criar um serviço assim aqui”, avalia o diretor, que participa nesta semana do evento Connected Smart Cities, na capital paulista.

Depois de São Paulo, o Voom também foi levado para a Cidade do México. O serviço soma mais de 100 mil usuários cadastrados. A expectativa da empresa é usar o conhecimento adquirido neste projeto para criar futuros serviços de “carros voadores”: veículos aéreos para circular pelas cidades, capazes de levar algumas pessoas a bordo. 

Chamados de VTOL (Veículo de decolagem e pouso vertical, na sigla em inglês), estes aparatos deverão ser elétricos, sem piloto e de porte menor do que os helicópteros atuais, o que facilitará as chegadas e partidas. 

A unidade da Airbus para pesquisar este novo setor  foi criada em meados de 2018. “Estamos começando do zero. Este novo modelo é mais do que um veículo: é todo um sistema, que inclui infraestrutura, controle aéreo, plataformas para os clientes, regulação e novas políticas”, afirma Olmos. 

“Dois pontos fundamentais para que esta inovação se desenvolva serão a questão regulatória e a aceitação do público. E estudos mostram que cidades da América Latina possuem uma alta aceitação do público para soluções de mobilidade urbana aérea”, prossegue. 

A criação deste mercado também depende do avanço de novas tecnologias como o 5G (internet sem fio ultrarrápida), internet das coisas e os carros sem motorista. 

A expectativa da empresa é que as viagens aéreas se somem a outros modais de viagem para o dia a dia. Assim como hoje surge a dúvida entre ir de metrô, ônibus ou de carro até determinado local, a opção “ir voando” passaria a ser considerada.

Para que isso ocorra, será fundamental ter preços mais acessíveis. Atualmente, um voo da Voom entre a avenida Paulista e o aeroporto de Guarulhos custa R$ 450 por pessoa, por exemplo. “Muito desse custo se deve a taxas de operação cobradas por órgãos reguladores“, diz Felipe Fonseca, gerente da Voom no Brasil.

Nao há previsão para que viagens curtas nesses novos veículos virem rotina nas cidades, mas a disputa entre empresas pode acelerar este processo. A Airbus faz testes com dois veículos para passageiros há alguns anos, e também com um drone para entrega de pequenas cargas, em Cingapura. Em março, durante um teste, ele levou produtos a um navio que estava a 1,5 km da costa. Outras empresas, como Boeing e NEC, também fizeram provas com protótipos nos últimos meses.