Impostos altos atrasam expansão de patinetes para mais bairros, diz diretor da Lime
A Prefeitura de São Paulo publicou nesta quinta-feira (31) um novo conjunto de regras para as patinetes elétricas. Duas boas intenções ali se destacam: levar os equipamentos a mais bairros da cidade e deixar as calçadas livres deles.
No entanto, ampliar a oferta deles pela cidade passa pela questão do custo dos equipamentos, questiona Felipe Daud, diretor de Relações Institucionais da Lime na América Latina. “As patinetes são importadas, e a tributação das patinetes elétricas no Brasil é a mais alta do mundo: 107%. Você traz um e paga dois”, aponta ele.
“Devido ao uso intenso, eles duram pouco e precisam ser trocados a cada seis ou oito meses”, conta Daud. “Aproveitamos parte das peças deles para consertar outros.”
O empréstimo desses veículos por apps chegou ao país no ano passado. Em São Paulo, ele segue restrito à áreas centrais, como a região da Faria Lima, onde há uso intenso nos horários de pico.
Pelo novo decreto, para atuar nos bairros centrais, será preciso colocar patinetes também em regiões mais afastadas, mas em proporção menor. “Ainda vamos conversar com a prefeitura para entender melhor essa proposta. Seria mais interessante oferecê-los em bairros onde há mais estrutura viária, como ciclovias”, diz Daud.
Daud diz que a empresa pretende expandir sua atuação na cidade, mas de forma planejada. Há a questão da densidade: se houver poucos veículos por bairro: a chance de achar um por perto quando necessário será pequena, o que frustra o usuário.
Outra novidade é uma cobrança de R$ 0,20 por viagem, algo não exigido das bicicletas compartilhadas.
O preço pode ser um impeditivo para a adoção das patinetes nas periferias. Uma viagem de 2 km e 10 minutos pode custar quase R$ 10, preço similar ao de um trajeto de carro por aplicativo na mesma distância. E o bilhete simples de ônibus ou metrô custa R$ 4,30.
O decreto também prevê que as patinetes precisarão ser deixados em bolsões ou estacionamentos, e não mais em qualquer ponto livre das calçadas, como ocorre hoje. “A maioria das viagens são de até 2 km. Se o usuário precisar andar 400 metros para achar ou devolver uma patinete, pode haver um desestímulo, diz Daud,
A prefeitura ainda não detalhou como e onde serão feitos esses espaços para estacionar. As empresas terão até 1º de janeiro de 2020 para se adaptarem a todas as mudanças. É a terceira vez no ano que a cidade define regras para as patinetes.
Algumas das novas regras:
- A velocidade máxima nas dez primeiras corridas deve ser de 15 km/h. Após isso, sobe para 20 km/h
- Uso só para maiores de 18 anos
- Veículos devem ser devolvidos em pontos de estacionamento
- As patinetes devem ter velocímetro, campainha e sinalização noturna
- Veículos devem ser usados por só uma pessoa por vez, com carga extra máxima de 5 quilos
- Empresas devem cobrir eventuais danos a usuários e a terceiros, incluindo patrimônio público
- Taxa de R$ 0,20 por viagem
- Uso de capacete ainda será regulamentado