Grow suspende serviço de bicicletas da Yellow e retira patinetes de 14 cidades

As bicicletas e patinetes compartilhadas da empresa Grow deixaram de ser oferecidas em várias cidades do Brasil nesta quarta-feira (22).

As patinetes elétricas, que usam o selo Grin, saem de 14 cidades: Belo Horizonte,  Brasília, Florianópolis, Goiânia, Porto Alegre, Campinas (SP), Santos (SP), São Vicente (SP), São José dos Campos (SP), São José (SC), Torres (RS), Guarapari (ES), Vitória (ES) e Vila Velha (ES). Elas seguem disponíveis em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.

A empresa anunciou também a suspensão total e temporária dos empréstimos de bicicletas da marca Yellow em todas as cidades em que atuava no Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Segundo a startup, as bikes “foram recolhidas das ruas para que sejam submetidas a um processo de checagem e verificação das condições de operação e segurança”. A partir daí, terão dois destinos: manutenção ou reciclagem.

No início de janeiro, jornais do Paraná revelaram que centenas de bikes quebradas da Yellow estavam sendo armazenadas em um terreno na região central da cidade, numa repetição de cenas já vistas em cidades da China.

O anúncio da Grow ocorre no mesmo mês em que a Lime (avaliada em US$ 2,4 bilhões) desistiu de operar no Brasil e na América Latina, em busca de melhores resultados financeiros.

Nos últimos quatro anos, startups passaram a oferecer empréstimos de bicicletas e patinetes que ficam espalhadas pelas cidades, sem pontos fixos, e são liberadas por smartphones. A estratégia tenta repetir o sucesso da Uber, que criou um novo mercado e levantou milhões de dólares em investimentos, mesmo sem dar lucro.

A ideia deu certo no início. Novos nomes como Mobike, Ofo e Lime espalharam milhares de veículos leves e coloridos por cidades da Ásia, dos EUA e da Europa e atraíram a atenção dos investidores. No entanto, as bikes e patinetes se mostraram pouco resistentes e foram parar em locais indesejados, como calçadas, onde atrapalhavam pedestres, ou no fundo de rios, o que gerava custos de remoção. Com isso, os governos foram apertando as regras, de modo a restringir as operações.

O modelo sem estações fixas busca facilitar a vida dos usuários, ao permitir seguir até a porta do local desejado. No entanto, torna mais difícil garantir a oferta de veículos nos mesmos pontos todos os dias, algo fundamental para fidelizar o público e, assim, ter receitas estáveis.

“Muitas startups tem um plano apenas financeiro e não pensam como se integrar nas cidades. Emprestam bicicletas ou patinetes, mas poderiam alugar qualquer coisa que parecesse rentável”, critica Daniel Guth, diretor da Aliança Bike, entidade do setor de bicicletas no Brasil.

A Grow é considerada a maior empresa da chamada micromobilidade na América Latina. Foi criada em janeiro de 2019, com a fusão da mexicana Grin e da brasileira Yellow, e levantou ao menos US$ 150 milhões em investimentos. Atua em sete países da América Latina.

A Yellow foi lançada no Brasil em agosto de 2018, por dois co-fundadores do app 99, Ariel Lambrecht e Renato Freitas, e Eduardo Musa, ex-presidente da fabricante de bicicletas Caloi. A marca foi abandonada após a fusão.

“Continuamos acreditando que este mercado tem espaço para crescer na região”, disse em nota Jonathan Lewy, CEO da Grow, que busca parceiros públicos e privados para “fortalecer e ampliar sua operação”.

Empréstimos de bikes feitos em parceria com governos e marcas têm conseguido se consolidar. Sistemas como o Bike Rio e o Bike Sampa, com estações fixas, são mantidos com ajuda do banco Itaú e operam desde 2011 e 2012, respectivamente.

Bancos e outras empresas também patrocinam sistemas em cidades como Nova York e Londres, o que ajuda a fechar as contas ou até gerar dinheiro para as prefeituras, que podem cobrar pela exposição das marcas nas ruas.

Empresas de empréstimo de bikes e patinetes no Brasil

 

Grow

Donas das marcas Grin e Yellow, restringiu sua operação no país apenas a patinetes em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba

Tembici

Opera os serviços Bike Sampa, Bike Rio, Bike Santiago (Chile) e outros, em parceria com o Itaú e outras empresas

Pegbike

Opera o serviço Ciclosampa, de empréstimo de bicicletas em São Paulo, em parceria com a Bradesco Seguros

Scoo

Oferece patinetes em algumas estações de metrô de São Paulo. Tem planos de também emprestar bicicletas

Uber 

Aluga patinetes elétricas em Santos (SP) e negocia trazê-los a São Paulo. No exterior, também empresta bikes elétricas em várias cidades, com a marca Jump.