Plataforma aproxima artistas e edifícios que querem receber grafites

Um site, chamado Arte no Meu Prédio, busca unir duas pontas: edifícios que queiram receber arte em sua fachada, como grafites, a artistas que queiram paredes para expor seus trabalhos.

A plataforma foi criada em janeiro pelos artistas e produtores Kléber Pagú e Fernanda Bueno. A dupla já esteve por trás do Aquário Urbano, série de grafites perto do Copan, e do projeto que pintou frases contra o racismo no asfalto paulistano, como “Vidas Pretas Importam” na avenida Paulista, em novembro, depois do assassinato de João Alberto Silveira Freitas, 40, espancado e morto em um Carrefour em Porto Alegre.

“Além de grafites, também há espaço para outras formas de arte nos prédios, como projeção de filmes e dança urbana”, conta Pagú. “É um trabalho para tirar a arte de espaços fechados e colocar na rua, com acesso grátis para todos.”

“Com a plataforma, a gente deixa de precisar bater de porta em porta pedindo autorização. E facilita pra quem quer receber obras. É comum estarmos pintando um prédio e pessoas virem pedir para fazermos no delas também”, comenta Pagú.

O casal Kleber Pagú e Fernanda Bueno, com mural do projeto Aquário Urbano ao fundo (Bruno Santos/Folhapress)

 

No site, cada edificio envia os detalhes do espaço que abrigaria as obras, como empenas cegas ou muros. Quando um artista ou projeto se interessar, o edifício é procurado. Em seguida, a proposta de intervenção é apresentada aos moradores, para ser aprovada em assembleia interna.

A plataforma é voltada para prédios de qualquer parte do Brasil. Os edifícios que participarem não terão custos para receber a intervenção, e nem receberão dinheiro para isso. A ideia é que os artistas consigam captar recursos para os projetos por meio de editais públicos ou patrocínios.

Ao mesmo tempo, as intervenções ajudam a revigorar fachadas que estejam descuidadas pela ação do tempo, o que poupa recursos dos condomínios com pintura.

O lançamento da plataforma é feito enquanto se debate na Câmara Municipal de São Paulo o projeto de lei 379/2020, que cria as chamadas Galerias de Arte a Céu Aberto na cidade. Na prática, a lei faria com que a prefeitura passe a proteger os trabalhos nos prédios, amplie a divulgação dos locais com arte urbana e dê subsídios a iniciativas do tipo.

“A arte urbana movimenta a região, gera turismo, ajuda os comércios por perto”, aponta Fernanda. “E é uma oportunidade para cada prédio participar da cultura da cidade”.

Em outubro, o Guia Folha fez um roteiro de onde ver grafites ao ar livre na cidade de São Paulo. Confira aqui.