Avenidas https://avenidas.blogfolha.uol.com.br Ideias para melhorar a vida nas cidades Tue, 14 Dec 2021 17:44:03 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Serviços públicos de qualidade reduzem a criminalidade, dizem colombianos https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/11/27/servicos-publicos-de-qualidade-reduzem-a-criminalidade-dizem-colombianos/ https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/11/27/servicos-publicos-de-qualidade-reduzem-a-criminalidade-dizem-colombianos/#respond Tue, 27 Nov 2018 19:41:10 +0000 https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/f0dcb349aea14cccb45c012394e917f2345be3360db6fcf45e57441fd2bc6cb4_5ae605ac4ead1-150x150.jpg https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/?p=878 Para reduzir a violência numa cidade, não basta apostar em mais armas. É preciso também melhorar as condições de vida nas áreas mais pobres, defenderam especialistas e gestores da Colômbia que foram responsáveis por mudanças na cidade de Medellín.

Com um ambiente melhor e mais oportunidades, diminui a chance de jovens escolherem o caminho da violência. “A falta de emprego e de integração com a sociedade abre espaço para o domínio do tráfico e do crime”, disse Carlos Rodriguez, arquiteto e ex-gerente de desenho urbano de Medellín, durante o debate Urbanismo e Segurança Pública, organizado pelo Arq.Futuro na sexta-feira (23) em São Paulo.

Os colombianos também ressaltaram que não basta criar estruturas: elas precisam ser bem-feitas. “Não se pode ter um hospital ou uma escola de uma qualidade boa nas áreas ricas e de péssima qualidade nas áreas pobres. As instalações precisam ter uma boa aparência, uma boa arquitetura e funcionarem bem”, defendeu Gerard Martin, especialista em desenvolvimento social.

Teleférico em Medellín, na Colômbia (Albeiro Lopera/Reuters)

A disparidade da qualidade do espaço público entre áreas pobres e ricas segue gritante no Brasil. Em São Paulo, a condição das ruas e calçadas varia bruscamente, até mesmo dentro de um próprio bairro. O mesmo vale para ônibus, escolas e hospitais.

Em Medellín, cidade de cerca de 2,5 milhões de habitantes, a taxa de homicídios era de 380 por 100 mil habitantes em 1991. Em 2016, essa taxa caiu para 21. No Brasil, está em 29,7. 

A reforma nas áreas pobres de Medellín integrou vários setores diferentes do governo. Ruas e calçadas foram pavimentadas, alargadas e urbanizadas. A ideia foi criar espaços de convivência. “A rua é expressão da dignidade do cidadão”, disse Rodriguez. 

Houve melhorias no transporte, com o reforço de linhas de ônibus e a construção de um teleférico. Para facilitar o acesso às áreas mais altas, escadas rolantes foram instaladas ao ar livre.

Na área de educação, foram inauguradas bibliotecas-parque. “Uma biblioteca é algo que vai dar impacto daqui a dez ou 20 anos, pois vai permitir que uma criança estude e aprenda mais. Com isso, há menos chances de ir para um caminho errado no futuro”, analisa Martin. 

Medellín também apostou em estratégias de policiamento comunitário, planejado quarteirão por quarteirão, e em formas de resolver conflitos entre moradores.

No evento, também foram mostrados projetos de Recife, que passou a implantar centros de educação, cultura e serviços em áreas vulneráveis, e do Rio de Janeiro, onde o projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) naufragou por, entre outras razões, não ter sido acompanhada de melhorias em outros serviços públicos.

Para Ricardo Henriques, ex-presidente do Instituto Pereira Passos, houve dificuldade para coordenar as ações entre dezenas de órgãos de governo. E a lista de serviços e obras a serem feitos nas comunidades também era imensa. Em muitos casos, as ruas e vielas não tinham nome oficial e precisavam ser mapeadas, para que depois disso se pudesse estudar como levar os serviços até elas. 

Inspirada no modelo colombiano, o Morro do Alemão ganhou um teleférico em 2011, que parou de funcionar em 2016 e segue sem previsão de retorno. Ele virou uma triste lembrança do quanto falta a ser feito para integrar áreas pobres e ricas das cidades do Brasil.

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Idosas ocupam prefeitura durante 10 meses para conseguir centro de apoio https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/09/17/idosas-ocupam-prefeitura-durante-10-meses-para-conseguir-centro-de-apoio/ https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/09/17/idosas-ocupam-prefeitura-durante-10-meses-para-conseguir-centro-de-apoio/#respond Mon, 17 Sep 2018 15:22:27 +0000 https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/IMG_1007-150x150.jpg https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/?p=728 A Espanha vive um desafio que o Brasil deverá enfrentar nos próximos anos: o envelhecimento acelerado da população. As pessoas vivem mais, e isso faz com que os governos precisem criar novos serviços para dar atenção a esta população. 

Em Rianxo, no norte do país, um grupo de idosas resolveu cobrar a prefeitura para que construísse um centro de dia, pois a cidade não tinha nenhum. Ali vivem cerca de 12 mil moradores, dos quais 3.000 tem mais de 65 anos.

Este centro de apoio é um espaço onde os idosos podem passar o dia em atividades de lazer, ao lado de enfermeiras e auxiliares que oferecem cuidados. É uma alternativa para pessoas mais velhas que vivem com a família, mas que não podem ou não querem ficar sozinhas enquanto os parentes trabalham.

Sem o centro de dia em Rianxo, a única opção era ir a espaços similares em cidades vizinhas, que ficam a mais de uma hora de viagem.

“Não queríamos que nossos filhos tivessem de deixar o emprego para cuidar de nós”, conta Leonor Lesende, uma das integrantes do movimento. “Então, resolvemos ir à luta”.

Sede da prefeitura de Rianxo, na Galícia (Rafael Balago/Folhapress)

Segundo elas, os políticos locais prometiam construir o centro,  mas eleição após eleição nada era feito.

A primeira ação do grupo foi fazer um abaixo assinado, que reuniu 2.800 nomes. Em seguida, realizaram protestos nas ruas da cidade, mas sem muito resultado. Então, em junho de 2017, um grupo de senhoras resolveu ocupar o salão principal da prefeitura da cidade, ao lado do gabinete do prefeito.

“A ideia surgiu em uma reunião. No protesto seguinte, eu disse às pessoas que estava disposta a ocupar e perguntei quem iria comigo. Todos levantaram a mão”, lembra Maria José Comojo, líder do grupo, conhecida como Chechê.

Maria Jose Comojo, que liderou a ocupação (Rafael Balago/Folhapress)

A ocupação durou exatos 314 dias. Primeiro, eram feitos turnos de meia hora, que foram sendo ampliados até chegar à divisão de manhã, tarde e noite. De dia, entre 50 e 80 pessoas ficavam na sala. À noite, ao menos duas pessoas permaneciam acampadas. Os protestos nas ruas também foram mantidos.

“A maioria das ativistas eram mulheres. São elas que geralmente ajudam a cuidar dos filhos e dos idosos. Houve homens também, mas muito menos”, lembra Chechê. Mesmo durante a ocupação, as mulheres não deixaram seus afazeres domésticos, e alternavam o cuidado da casa com o turno na prefeitura.

Os primeiros meses foram de tensão, pois membros do governo pressionavam pelo fim do movimento. Para passar o tempo, as ativistas jogavam cartas, faziam caça-palavras e bingos. “Antes de dormir, ficávamos lembrando de músicas antigas. As pessoas mais velhas do que nós perguntavam: ‘vocês se lembram desta música?’ e começavam a cantar”, recorda Leonor.

A sala que foi ocupada pelos idosos durante quase um ano (Rafael Balago/Folhapress)

Logo veio o calor de agosto, que trouxe incômodo, pois a sala ficava abafada. Os meses avançaram e chegou o frio de dezembro. Na noite de Natal, foi improvisada uma ceia. “No inicio, ficaram só dois casais. Depois vieram mais companheiros, comemos juntos e estivemos bem. Foi uma experiência bonita”, diz Leonor.

A ocupação ainda duraria mais quatro meses, até que a prefeitura e o governo regional, a Xunta de Galícia, chegassem a um acordo para dividir os custos e comprar um espaço que será transformado em um centro de dia. O lugar, chamado Rianxinho, pertence a uma ordem religiosa, foi construído no século 18 e custará 1,6 milhão de euros (cerca de R$ 7,5 milhões). 

“O espaço terá capacidade para 200 pessoas, um amplo jardim e precisará de poucas alterações para se tornar um centro de dia”, detalha o prefeito Adolfo Muiños, que apoiou a campanha das senhoras. “Respeitamos 100% a decisão de fazer o protesto aqui, pois a reivindicação deles era justa”, diz ele.

O espaço que será transformado em centro de dia em Rianxo (Rafael Balago/Folhapress)

A construção de mais centros de dia pode facilitar a vida de muitas famílias e aumentar a qualidade de vida dos idosos, inclusive a fazer com que eles fiquem menos sós.  Chechê lembra do caso de um homem que vivia sozinho em casa e convivia pouco com outras pessoas. Ele morreu e seu corpo só foi encontrado seis meses depois. “A tecnologia é ótima, mas não queremos só aparelhos para nos comunicarmos. Queremos estar juntos e com os nossos”, defende.

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Ampliar lazer reduz insegurança e solidão nas cidades, diz pesquisadora https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/08/28/lazer-ajuda-a-combater-inseguranca-e-solidao-nas-cidades-diz-especialista/ https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/08/28/lazer-ajuda-a-combater-inseguranca-e-solidao-nas-cidades-diz-especialista/#respond Tue, 28 Aug 2018 11:01:37 +0000 https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/IMG_6920-copia-150x150.jpg https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/?p=675 O aumento do investimento em atividades de lazer pode fazer com que as pessoas fiquem menos sós nas cidades e tornar as ruas mais seguras. É o que defende Cristina Ortega, chefe acadêmica e operacional da Organização Mundial do Lazer (WLO, na sigla em inglês).

Ortega, 48, é doutora em Lazer e Desenvolvimento Humano pela Universidade de Deusto, na Espanha, e participa nesta semana do 15º Congresso Internacional de Lazer, realizado pela WLO e pelo Sesc, em São Paulo, de terça (28) a sábado (1º/9). O evento debaterá como as práticas de ócio podem enfrentar desafios como o aumento do uso da tecnologia, o envelhecimento da população e o crescimento da imigração.

Ações já realizadas em São Paulo, como a abertura da avenida Paulista aos pedestres e a expansão de ciclovias e de serviços de empréstimos de bicicleta são elogiadas por Ortega , que conversou com o blog por telefone.

 

Folha – Como as cidades podem aumentar o uso dos espaços de lazer?
Cristina Ortega – Independente do tamanho da cidade, é preciso eliminar barreiras, como a distância e o preço. A educação desempenha um papel fundamental. É preciso desenvolver políticas para que os cidadãos tenham acesso a uma educação de lazer desde a infância, de tal maneira que eles desfrutem da cultura, do esporte, do turismo e da recreação. Lamentavelmente, na maioria dos paises, isso é muito escasso. 

Como as prefeituras podem ajudar nisso?
É fundamental que os espaços públicos recebam diferentes atividades culturais, recreativas e esportivas. Muitas cidades fecham suas ruas para carros e as abrem para pedestres. Isso ajuda as pessoas a ter acesso à recreação. As ciclovias e empréstimos de bicicletas levam muitas pessoas, tanto turistas quanto moradores, a verem a cidade de outra maneira.

Os parques lúdicos, tanto infantis quanto para a terceira idade, são interessantes por facilitar a convivência entre gerações. Cidades como Paris e Londres não tem praia, mas criam espaços com areia e piscinas no verão. São iniciativas de baixo custo e que não exigem demasiado esforço.

 

E como lidar com a sensação de insegurança nas ruas?
Não sou uma especialista no tema, mas o lazer pode ajudar a eliminar a insegurança em si. Ao organizar atividades e de eventos nas ruas e praças, esses lugares ficam ocupados pelas pessoas. Quando esse espaço público está com gente, aumenta a sensação de segurança. Mas é um processo de médio a longo prazo.

Há atividades de lazer que trazem mais resultado do que outras?
O que uma cidade pode fazer para que seus cidadãos sejam mais felizes? Hoje, o mais importante são as relações sociais. Estar com amigos, com a família. Pequenas intervenções ajudam a fortalecer esses laços e a fazer as pessoas mais felizes. 

Uma das melhores experiências de lazer que tive foi num cinema ao ar livre numa praça de Bolonha, na Itália. Eram projetados filmes antigos, em branco e preto, em uma área cercada por um patrimônio cultural incrível. Não tem a ver só com cultura e patrimônio, mas um cinema ao ar livre pode promover estas pequenas ações, como dividir um lanche, que ajudam as pessoas a estar juntas. O filme é o de menos.

Cinema ao ar livre em Bolonha, na Italia (Wikimedia Commons)

Como as políticas de lazer têm mudado nas últimas décadas?
A partir do final do século passado, as cidades passaram a desenvolver dois tipos de políticas. Algumas investiram na criação de grandes estruturas, como Bilbao, que fez o museu Guggenheim, para projetar uma imagem no exterior e atrair turistas. Já outras criaram políticas voltadas a eventos, que são feitos nas ruas, como festivais de cinema, eventos esportivos etc.

Há também ações como o movimento do grafite, que se desenvolveu de forma espontânea. E o aumento da preocupação com a saúde fez com que as ruas se enchessem de pessoas fazendo esporte, como a corrida.

O lazer por meio dos meios digitais têm os mesmos efeitos?
90% do nosso lazer é realizado via smartphones e tablets. Essa foi uma mudança radical. Não me atrevo a dizer se é algo bom ou ruim. É como tudo: tem que ter um uso equilibrado, sem abusos, sem dependência.

Também mudou todo o conceito de conexão. Nosso ócio hoje é conectado. Saímos para correr usando uma pulseira e estamos ligados a uma comunidade que também corre. Estamos jogando um game sozinhos, mas em contato com outras pessoas ao redor do mundo que dividem um mesmo interesse. Isso era inimaginável antes.

O uso destes dispositivos têm aumentado o tempo de lazer?
Dados do governo da Espanha mostram que os jovens de hoje saem menos do que antes, na comparação com outras décadas. Eles também se drogam menos. Mas, por outro lado, é a primeira vez que se identificam tantas pessoas que nunca saem. Muita gente vive o lazer por meio da tecnologia e não precisa sair. Isso gera o risco de solidão.

Quais são as tendências atuais de lazer?
Há diferentes movimentos, e todas têm relação com mudanças sociais, como o envelhecimento e a imigração. O lazer pode ajudar os idosos a se sentirem menos sós e mais integrados com a comunidade. Para os imigrantes, tem um papel fundamental. É pelo lazer que eles se integram a uma nova sociedade.

As pessoas também estão tirando férias mais curtas. Essa pausa já não dura um mês inteiro. Porém, se viaja muito mais, pois há passagens mais baratas. E novos modelos de negócio colaborativo [como o Airbnb] também ajudam a fazer com que mais gente tenha acesso ao turismo.

Algumas tendências também surgem como contraposição. Como resposta à tecnologia, ao tempo acelerado, ganham força movimentos como o “slow food” e a volta ao artesanal.

Há atividades de lazer que perderam interesse?
Não creio que as atividades desapareçam, mas que se passa a fazê-las de outra maneira. Uma das tendências é que as pessoas leiam menos. Só que elas consomem menos livros, mas mais textos curtos. Os jogos de mesa perderam território, porém ganham relevância os games no celular. Antes íamos muito ver filmes no cinema e agora temos uma geração Netflix. As formas mudam, mas as atividades seguem parecidas.

 

Serviço: 15º Congresso Mundial de Lazer.  Sesc Pinheiros. R. Paes Leme, 195. Pinheiros. São Paulo, SP. De 28/8 a 1/9. Inscrições esgotadas.

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Cidades dos EUA avaliam taxar empresas de TI para ajudar moradores de rua https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/08/17/cidades-dos-eua-avaliam-taxar-empresas-de-ti-para-ajudar-moradores-de-rua/ https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/08/17/cidades-dos-eua-avaliam-taxar-empresas-de-ti-para-ajudar-moradores-de-rua/#respond Fri, 17 Aug 2018 12:14:25 +0000 https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/800-150x150.jpeg https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/?p=606 San Francisco é um dos endereços favoritos do setor de tecnologia. No entanto, mesmo com tanta riqueza gerada ali, a cidade da Califórnia tem cerca de 7.000 moradores de rua. Para ajudar essas pessoas. o governo municipal planeja aumentar impostos de grandes empresas locais, como Twitter, Uber e Dropbox.

O prefeitura de San Francisco investe atualmente US$ 300 milhões (R$ 1,17 bi) em iniciativas para dar casa e abrigo a quem não tem, mas o valor não está sendo suficiente.

Uma proposta, chamada de Artigo 28, será votada em novembro e prevê aumentar em 0,5% os impostos sobre as grandes companhias e, assim, dobrar os recursos para os programas de habitação e de acolhida. A expectativa é que o aumento de caixa permita custear residências para 4.000 sem teto e criar mil vagas em abrigos, num prazo de cinco anos.

Mountain View, sede do Google, também votará um projeto similar em novembro, com planos de obter recursos para investir em transporte público e em moradias. Se aprovada, a taxa será cobrada de forma proporcional à quantidade de funcionários. Só a Alphabet, dona do Google, teria de pagar mais US$ 5 milhões (R$ 19,5 milhões) por ano.

Dave Chung, que vive nas ruas há cinco anos, em Seattle (Ted S.Warren/AP)

Outros gestores da costa oeste dos EUA lançaram planos nesta linha, mas recuaram. Em junho, Seattle desistiu de propor uma taxa anual de US$ 275 (R$ 1.074) por empregado a empresas como Amazon e Starbucks, que têm sede ali. A decisão veio depois de uma forte campanha contra a medida. Ativistas contrários defendem que o governo deveria gastar melhor os recursos atuais em vez de criar impostos.

Seattle esperava arrecadar US$ 47 milhões por ano, para bancar auxílios aos moradores de rua e a construção de casas a serem vendidas por preços mais baixos. Ali há cerca de 11 mil pessoas sem ter onde morar.

Em julho, Cupertino arquivou um projeto de novo imposto que pretendia obter US$ 10 milhões (R$ 39 milhões) por ano para investir em transporte. Na cidade, trabalham 24 mil funcionários da Apple.

O maior temor dos governos ao propor estas taxas é que as empresas resolvam se mudar para lugares onde há impostos mais baixos e, assim, levar embora seus empregos bem-remunerados.

Taz Harrington dorme com sua namorada, Melissa Whitehead, em Portland, Oregon (Ted S.Warren/AP)

Grandes empresas de tecnologia trazem milhares de pessoas com altos salários para os lugares onde se instalam, o que costuma levar a uma forte alta no preço dos imóveis. Se não houver controle, isso faz com que pessoas pobres fiquem sem condição de pagar aluguel e acabem indo viver na rua.

O aumento do custo da moradia é um dos fatores que explicam a alta no número de sem teto na costa oeste dos EUA. Um levantamento feito pela agência Associated Press no fim de 2017 apontou que havia 168 mil pessoas sem casa na região que soma os estados da Califórnia, Oregon e Washington, 19 mil a mais do que em 2015.

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Cidade usa ‘lixeiras’ para arrecadar roupas usadas na Espanha https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/07/25/cidade-tem-cestos-nas-ruas-para-receber-roupas-usadas-durante-o-ano-todo/ https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/07/25/cidade-tem-cestos-nas-ruas-para-receber-roupas-usadas-durante-o-ano-todo/#respond Wed, 25 Jul 2018 12:45:28 +0000 https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/IMG_0555-e1532505804472-150x150.jpg https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/?p=537 Recipientes para a entrega de roupas usadas, semelhantes às utilizadas na Campanha do Agasalho, poderiam ficar disponíveis nas ruas o ano todo. É assim nas ruas de Corunha, na Espanha: contêineres brancos nas calçadas recebem camisas, calças, vestidos, sapatos e outros itens de janeiro a janeiro.

Com 240 mil habitantes, a cidade galega tem mais de cem contêineres, que foram instalados a partir de 2016 por meio de uma parceria entre o governo local e a instituição social Padre Rubinos. Eles ficam próximos a mercados, escolas, praças e outros lugares com bastante circulação.

Podem ser entregues roupas, calçados, toalhas, cobertores, lençóis e fronhas. Se a quantidade a ser doada for grande, o programa recolhe esses materiais em casa.

As doações são encaminhadas para uma entidade que ajuda pessoas pobres. As peças  recolhidas em boas condições são direcionadas para moradores de albergues e famílias sem recursos.

Parte dos itens são recortados e utilizados para fazer bolsas e outros acessórios. Depois, estes produtos são vendidos em bazares, para arrecadar fundos que serão usados em outras ações sociais.

Já os materiais em mau estado são repassados para uma ONG que trabalha com reciclagem de tecidos. O dinheiro obtido neste processo é usado para pagar os salários dos funcionários. A equipe é formada por pessoas que enfrentavam outras dificuldades para encontrar trabalho, como ex-moradores de rua.

Prefeitura de Corunha recolhe roupas em domicílio (Rafael Balago/Folhapress)

Além da função social, o programa de recolhimento ajuda a reduzir a geração de lixo na cidade ao facilitar a destinação correta destes materiais.

Em São Paulo, a prefeitura da capital e o Sinditêxtil, que reúne fabricantes de tecidos, anunciaram em 2015 o projeto Retalho Fashion, para recolher e reciclar parte das 20 toneladas de restos gerados pelas confecções do Brás e do Bom Retiro. O sindicato não respondeu aos questionamentos deste blog sobre o andamento do projeto.

No Brasil, é comum levar roupas usadas para igrejas e entidades sociais ou entregá-las para pessoas e grupos que pedem de porta em porta. Ter um canal unificado de entrega, ou ao menos cestas perto de casa, poderia ajudar a ampliar a arrecadação e evitar que vestimentas e calçados acabem nos aterros. Disposição para doar existe: a Campanha do Agasalho de São Paulo arrecadou 8 milhões de peças na ação do ano passado.

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Setor público precisará fazer barulho para competir com apps de transporte https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/06/20/setor-publico-precisara-fazer-barulho-para-competir-com-apps-de-transporte/ https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/06/20/setor-publico-precisara-fazer-barulho-para-competir-com-apps-de-transporte/#respond Wed, 20 Jun 2018 11:11:54 +0000 https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/16283129-150x150.jpeg http://avenidas.blogfolha.uol.com.br/?p=388 A baixa adesão ao aplicativo SPTáxi mostra a importância dos detalhes para que uma inovação funcione. E também do poder do marketing.

Matéria publicada nesta quarta-feira na Folha mostra que apenas 36 mil paulistanos se cadastraram na opção criada pela prefeitura em abril, mesmo com a chance de ter descontos de até 40% nas viagens. Há também queixas de que o aplicativo não avisa quando há pedidos.

“Ele não abre a tela do celular quando está chamando. Fica escuro. Nesse intervalo, já tocou quatro vezes, a campainha é baixa e você não ouve”, afirmou o taxista Aldonei Soglia.

Todo o esforço do projeto se perde quando o taxista não escuta o chamado. Isso levará o passageiro a recorrer a outro app e, talvez, a não voltar a usar a opção que falhou.

O mercado de aplicativos para chamar carros é dominado por empresas abertas há poucos anos que receberam investimentos milionários. Com isso, puderam atrair clientes e motoristas com promoções, descontos e outros incentivos.

Empresas como Cabify, Uber e 99 passaram anos buscando conquistar e fidelizar usuários mais do que dar lucro. Assim, têm caixa para bancar campanhas para aumentar o número de viagens e tentar equilibrar ao número de condutores disponíveis com o de passageiros interessados. Se não encontram um carro por perto quando pedem, os clientes vão a outro aplicativo. Quando faltam pedidos, os profissionais priorizam os outro apps.

É comum que motoristas trabalhem para mais de uma ferramenta e que alternem entre elas ao longo do dia. Se duas tocam ao mesmo tempo, qual atender? Para serem escolhidas, as marcas apostam em bônus e premiações. Exemplo: em algumas datas, condutores conectados entre 4h e 9h da manhã ganham R$ 40 por hora, além do valor das corridas regulares, desde que aceitem os chamados.

Estas companhias também investiram bastante em melhorar a experiência do usuário, como reduzir o número de cliques para fazer um pedido.

Para atender à demanda dos taxistas, o setor público começou a competir neste mercado. A prefeitura do Rio de Janeiro lançou um app em novembro e a de São Paulo, em abril. Os trabalhadores reclamam especialmente das taxas cobradas, que podem chegar a 25% do valor pago por cada corrida. Estas iniciativas buscam reduzir ou eliminar essa cobrança e deixar aos condutores a opção de oferecer descontos.

No entanto, os aplicativos das prefeituras precisarão ir além dos abatimentos para enfrentar competidores que somam anos de experiência em manejar estímulos financeiros e emocionais. A lista básica inclui melhorar a experiência dos usuários, facilitar o pagamento e reforçar as medidas de segurança, outra grande preocupação no setor. E, claro, alertar o motorista quando uma nova corrida chegar.

 

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Big data pode ajudar a conter evasão escolar e desvios na saúde, diz especialista https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/05/08/big-data-pode-ajudar-a-conter-evasao-escolar-e-desvios-na-saude-diz-especialista/ https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/05/08/big-data-pode-ajudar-a-conter-evasao-escolar-e-desvios-na-saude-diz-especialista/#respond Tue, 08 May 2018 12:24:41 +0000 https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/hosp-clinicas-150x150.jpg http://avenidas.blogfolha.uol.com.br/?p=248 O uso massivo de dados é comum na área de transportes, como mostra o sucesso de aplicações como Uber e Waze. No entanto, áreas como educação e saúde também podem fazer melhor uso das grandes quantidades de informação disponíveis para melhorar a vida de pacientes e alunos, defende Emílio Arias, especialista em uso de big data.

Entre as soluções possíveis: criar formas para detectar alunos que estão prestes a abandonar a escola e fazer um controle mais rigoroso dos recursos dos hospitais, para otimizar seu uso e evitar fraudes.

Arias, 46, é diretor da Stratebi, empresa espanhola que busca soluções para empresas e cidades lidarem melhor com as informações que possuem.  Ele atua há mais de 20 anos com análise de dados e também é professor da Spain Business School, em Madri.

A empresa ajudou a implantar um novo sistema de gerenciamento das informações do serviço de saúde de Madri e a melhorar o uso de dados dos governos locais de Extremadura e de La Rioja, na Espanha.

A seguir, trechos da conversa com o blog após uma aula de Arias em Corunha.

O professor Emilio Arias (Arquivo pessoal)

Folha – Que decisões as cidades mais tomam hoje com base em big data?
Emílio Arias – As principais são para economizar energia,  melhorar o uso do espaço público, especialmente de áreas de estacionamento e para o transporte público, automatização do sistema de irrigação de jardins e parques e melhora do serviço a cidadãos e a turistas, como dados de hoteis, reservas, descontos e eventos, . Há também sensores para medir o grau de contaminação por poluição e níveis de ruído. Em Santander, há anos monitores pela cidade acompanham os níveis de contaminação e de trânsito.

Quais setores estão mais avançados no uso de big data e quais menos?
As áreas de transporte, turismo e energia são as mais avançadas. Os setores de educação e saúde poderiam usar os dados de forma mais ampla e efetiva.

Como essas áreas poderiam usar melhor os dados?
Na saúde, é possível prevenir e detectar epidemias, personalizar cuidados preventivos e encontrar fraudes nos serviços. Na educação, criar sistemas de recomendação de cursos, prevenir o fracasso acadêmico e evitar a evasão escolar.

A troca de informações entre governos locais e empresas interessadas em usar os dados públicos funciona de forma adequada?
Desde alguns anos, devido a regras sobre transparência e “governo aberto”, se estabelece que os dados de interesse público devem estar disponíveis para empresas que possam oferecer serviços que aportem valor à comunidade. Assim, em muitos contratos públicos já se marca como requisito que os dados gerados e armazenados pelas empresas contratadas devem ser colocados à disposição dos cidadãos, em formato aberto que permita reutilização.

O que dificulta a expansão do conceito de smart cities?
Essas iniciativas necessitam de apoio econômico e de colaboração público-privada para se desenvolver de forma efetiva. A Espanha é um dos países mais avançados quanto ao uso de big data pelas cidades em boa parte graças aos investimentos econômicos aportados pela União Europeia. No entanto, a melhora da tecnologia e dos custos de software, em sua maioria de código aberto, reduz as barreiras. Depende também de que os políticos tenham estratégia para apostar em iniciativas que podem durar mais de dez, quinze anos. É preciso de visão a longo prazo.

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Simplificar acesso ajuda a aumentar uso de wi-fi público https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/03/26/simplificar-acesso-ajuda-a-aumentar-uso-de-wi-fi-publico/ https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/03/26/simplificar-acesso-ajuda-a-aumentar-uso-de-wi-fi-publico/#respond Mon, 26 Mar 2018 18:37:08 +0000 https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/Bus-Madrid-150x150.jpg http://avenidas.blogfolha.uol.com.br/?p=89 Turistas que vão a Madri sem um pacote de dados no celular logo percebem que podem contar com os ônibus para se conectar. Quando um coletivo se aproxima, o aparelho começa a vibrar com alertas de mensagens. E nem é preciso embarcar para checar as redes sociais ou o aplicativo de mapas.

Uma vantagem do wi-fi madrilenho é que ao fazer a conexão com um ônibus, o smartphone ganha acesso ao sinal de todos os outros veículos de forma automática, sem precisar repetir o processo de buscar a rede, digitar o e-mail e clicar em conectar.

Embora pareça simples, repetir esses passos a cada novo acesso faz com que muita gente não use as redes públicas gratuitas de wi-fi. Preencher o mesmo cadastro inúmeras vezes ou lembrar de uma senha que não se sabe onde foi marcada desanima quem tenta se conectar.

Os ônibus paulistanos que ofertam wi-fi, por exemplo, exigem login e senha. Em São Paulo, até dezembro, 897 dos cerca de 15 mil ônibus da cidade ofereciam o serviço, segundo dados da SPTrans. A prefeitura planeja estender a tecnologia para toda a frota até 2020.

A capital também oferece wi-fi livre em 120 lugares públicos, como praças e parques. No metrô, há 40 estações com sinal aberto. As duas iniciativas possuem sistemas de login diferentes.

É possível facilitar o acesso sem deixar de identificar cada usuário, como determina a lei brasileira. Um jeito simples é criar um perfil de conexão único para todas estas redes, como fazem as operadoras de telefonia que oferecem wi-fi a seus clientes em espaços públicos.

Neste modelo, o usuário instala um arquivo em seu celular e sempre que estiver perto de um ponto de acesso público, a conexão entra de forma automática. Encontrar redes invisíveis é uma tarefa que um smartphone pode fazer melhor do que um humano.

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Bilhete Único poderia ser usado para entrar em piscinas, pagar multas e votar https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/03/12/bilhete-unico-poderia-ser-usado-para-entrar-em-piscinas-pagar-multas-e-votar/ https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/2018/03/12/bilhete-unico-poderia-ser-usado-para-entrar-em-piscinas-pagar-multas-e-votar/#respond Mon, 12 Mar 2018 14:25:18 +0000 https://avenidas.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/Piscina-Pacaembu-Danilo-Verpa-150x150.jpg http://avenidas.blogfolha.uol.com.br/?p=32 O Bilhete Único substituiu o passe de ônibus, mas poderia também assumir funções como carteirinha de clube, cartão de biblioteca e documento para votar. É o que mostram experiências em várias cidades espanholas.

A ideia não é necessariamente um cartão físico, mas sim um cadastro unificado: o morador usa sempre a mesma identificação ao buscar algum serviço municipal. Com isso, pode apenas mostrar um código para ser escaneado na tela do celular.

A Tarjeta Ciudadana da cidade de Lugo, por exemplo, permite reservar horário para nadar nas piscinas públicas ou para treinar nas pistas de atletismo dos clubes mantidos pela prefeitura.

Na parte de transporte, o saldo do cartão pode ser usado para pagar pelo estacionamento nas ruas ou em garagens, consultar e quitar multas e emprestar bicicletas.

Em Zaragoza, o bilhete serve também para adquirir ingressos para shows e peças de teatro, retirar livros nas bibliotecas e acessar o wi-fi oferecido em locais públicos.

Em Vitoria-Gasteiz, o cartão libera o acesso para participar de votações on-line sobre temas municipais, como definir o destino de verbas do orçamento local.

Mais longe, em Pequim, na China, o Yikatong Card é aceito para fazer compras em alguns supermercados e lojas de conveniência.

Em São Paulo, onde o Bilhete Único permite usar o sistema Bike Sampa, os ônibus, os trens e o metrô, a prefeitura anunciou que pretende trocá-lo pelo pagamento com o celular, como já é feito em Londres. E fará uma licitação para privatizar a gestão do serviço.

A migração do bilhete para o smartphone ainda pode levar alguns anos. Até lá, os milhões de cartões em circulação poderiam ganhar mais funções antes de serem aposentados.

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